O cenário já preocupante decorrente do recente cancelamento pela 123 Milhas da venda de passagens e pacotes flexíveis se agravou com um novo acontecimento: a HotMilhas, do mesmo Grupo da 123 Milhas, anunciou ontem a suspensão da compra de milhas. Entenda melhor essa situação, neste post!

O cancelamento das passagens e pacotes flexíveis da 123 Milhas

Em matéria publicada AQUI, exploramos o cancelamento pela 123 Milhas, uma das maiores agências de viagens on-line do Brasil, das vendas de passagens e pacotes flexíveis com datas de embarque programadas para setembro a dezembro deste ano, assim como abordamos o risco desse tipo de passagem/pacote e compartilhamos algumas opções de solução.

A suspensão da compra de milhas pela Hot Milhas

O que estava ruim conseguiu ficar pior.

Ontem, a HotMilhas, empresa do mesmo Grupo da 123 Milhas responsável por adquirir milhas e redirecioná-las para a compra de passagens a serem vendidas pela 123 Milhas, simplesmente colocou o seguinte aviso na homepage de seu site: “Atenção! As vendas das milhas estão temporariamente suspensas.”

Vale lembrar que no ano passado houve a fusão da 123 Milhas com a MaxMilhas. As empresas seguem operando de forma independente, mas ambas emitem passagens com milhas compradas via HotMilhas.

A MaxMilhas ainda não sinalizou nenhuma alteração em sua operação, mas por pertencer ao mesmo grupo de empresas gera um alerta de atenção máxima.

Os indícios de um colapso

Tais ocorrências demonstram que o negócio do Grupo 123 Milhas está entrando em colapso e que, provavelmente, os prejudicados não serão somente os viajantes que compraram passagens e pacotes flexíveis, mas também os que venderam suas milhas e até mesmo fornecedores, a depender da saúde financeira do Grupo que é desconhecida.

A HotMilhas chegou a ampliar o prazo para pagamento da compra de milhas para 150 dias, mas já há relatos de atrasos nesses pagamentos.

A CPI das Pirâmides Financeiras convocou os sócios controladores da 123 Milhas para depoimento. O autor do requerimento, Deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) manifestou preocupação de que o caso seja um esquema de pirâmide financeira “da forma como foi apresentado pela empresa, a venda dos pacotes de viagem era feita sem que houvesse qualquer compromisso de arcar com a responsabilidade junto a seus clientes”.

O cenário sinaliza um efeito cascata desastroso na operação do Grupo, como se a base de uma pirâmide estivesse ruindo e levando abaixo todo o resto.

O que pode acontecer?

Com a dificuldade vivida pela 123 Milhas, a empresa pode não conseguir pagar pelas milhas obtidas junto a HotMilhas.

Nesse caso, a HotMilhas não teria recursos para honrar os pagamentos a quem vendeu milhas para ela, sendo que muitas dessas pessoas “fabricavam” milhas por meio de um custo pago com cartão de crédito.

Ao não receberem os pagamentos da HotMilhas, os vendedores das milhas não conseguiriam pagar suas faturas de cartão de crédito, causando um impacto muito negativo nas finanças dessas pessoas.

O que fazer?

Se você vendeu suas milhas, sugerimos verificar em sua conta do Programa de Fidelidade se elas já foram utilizadas, caso ainda não, talvez seja o caso de você alterar a senha de acesso à conta a fim de inviabilizar o uso das milhas. Avalie essa possibilidade.

Procure, imediatamente, um advogado a fim de que avalie quais eventuais medidas extrajudiciais e judiciais podem ser adotadas para prevenir ou mitigar os prejuízos.

Atualizações sobre o caso

Na manhã do dia 28/08, funcionários da 123 Milhas relataram diversas demissões em três setores da empresa: recompra, promo e emissão. A ocorrência reforça a fragilidade da saúde financeira da empresa e a criticidade da situação.

A empresa divulgou o seguinte comunicado:

“A 123milhas informa que iniciou hoje, 28/08, um plano de reestruturação interna, com redução do tamanho da equipe para se adequar ao novo contexto da empresa no mercado. Essa difícil decisão faz parte das medidas para mitigar os efeitos da forte diminuição das vendas. A empresa está trabalhando para, progressivamente, estabilizar sua condição financeira”.

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Juliana Molinari (@quevoceviaje)

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