LATAM: RECUPERAÇÃO JUDICIAL – NOVOS CAPÍTULOS - estevampelomundo.com.br

LATAM: RECUPERAÇÃO JUDICIAL – NOVOS CAPÍTULOS

Fala milheiros e viajantes, tudo em cima como vocês? Hoje vamos tratar sobre o desenrolar do processo de recuperação judicial da LATAM, que por sua vez teve início lá trás, na quarta-feira, 27 de maio último, com base no chapter 11 nos Estados Unidos. De antemão, fique tranquilo. Não há motivo algum para pânico. Pelos menos por enquanto. E isto vamos conversar de detalhes logo abaixo.
Senta a aí que muita água passou por debaixo dessa ponte depois que tratamos desse assunto pela última vez. Vamos conversar em detalhes e bem didaticamente acerca do que representa as novas fases deste pedido de recuperação judicial. Analisaremos quais os desdobramentos a partir de agora, o cenário traçado pela empresa para o futuro a curto, médio e longo prazo.
Ah! sem esquecer jamais sobre que acontecerá (ou não) com os seus bilhetes já emitidos e com seus pontos do programa LATAM Pass.
Está preparado? Portas em automático e vamos simbora!

LATAM
Boeing 787-800 da frota da empresa.

RECAPTULANDO

Pois bem, sigamos. Infelizmente, já não é novidade mais para nenhum de nós que a pandemia da Covid-19 alastrou-se rapidamente mundo afora tendo como consequência, além da maior crise de saúde vivida desde a gripe espanhola ocorrida entre 1918 e 1920, um grande espiral cíclico de recessão nos quatro pontos do globo. E em momentos de encolhimento da economia um dos setores que tendem a sofrer de imediato os maiores impactos é justamente o setor aéreo.
Por isso, como vocês puderam acompanhar no nosso primeiro post sobre o assunto, em 27 de maio passado, A LATAM entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, tendo como base o chapter 11.

CESSAMENTO DE OPERAÇÕES DA LATAM ARGENTINA

Em um cenário econômico bastante digamos… complexo, no país vizinho, onde inclusive todos os voos domésticos seguem suspensos por ordem do governo local, a LATAM Argentina, de tamanho inferior as irmãs chilena e brasileira, não encontrou oxigênio necessário para sobreviver.
Em 17 de junho o Grupo LATAM anunciou que encerraria ali, por tempo indeterminado, as suas operações na Argentina, tanto de passageiros quanto de cargas. Infelizmente, um triste desfecho.
A Latam Argentina operava 16 destinos, sendo 4 internacionais e 12 domésticos. Eu mesmo cheguei a voar com eles entre Buenos Aires – Aeroparque e Ushuaia, na Terra do Fogo, durante a minha última viagem pré-pandemia. Os voos internacionais para Estados Unidos, Brasil, Chile e Peru passam agora a serem operados pelas outras subsidiárias do grupo, logo que o governo acabe com as restrições aos voos.
Um fio de esperança… Logo do anúncio, o CEO Roberto Alvo afirmou:
“É uma notícia lamentável, mas inevitável. Hoje, a Latam deve focar na transformação do grupo para se adaptar à aviação no pós-covid-19.” e completou: “A Argentina tem sido e seguirá sendo sempre um país fundamental”.
Pela última colocação do CEO, espero que com o mercado reaquecido pós-pandemia e com o grupo devidamente reestruturado, voltem a considerar as operações no país dos nossos hermanos.
Por sua vez, a principal concorrente, a Aerolineas Argentinas e sua subsidiária Austral, embora ambas em péssima situação financeira (e já há muito tempo), possuem mais lastro uma vez que são empresas estatais e subsidiadas pelo estado argentino.

CESSAMENTO TEMPORÁRIO DE OPERAÇÕES NO EQUADOR E COLÔMBIA

Por força de decisões governamentais de ambos os países, assim como na Argentina, os voos domésticos estão igualmente suspensos. Entretanto, as empresas voltam a operar regularmente tanto na Colômbia quanto no Equador em 01/09.

CHILE, PERU E PARAGUAI

As subsidiarias destes países seguem, mesmo com malha aérea reduzida, operando normalmente.

APORTES FINANCEIROS RECEBIDOS

Logo do anúncio em 27/05 acerca do processo de recuperação, a empresa afirmou em comunicado que acionistas, incluindo as famílias Cueto e Amaro, junto com a Qatar Airways, forneceriam um aporte de até U$ 900 milhões (algo ao câmbio de hoje de cerca de R$ 4,70 bilhões) em financiamento. O que de fato ocorreu. Salvo engano, em 29/06.
A proposta de reorganização do grupo prevê, igualmente, um outro aporte no valor de US$ 250 milhões, equivalente a R$1,4 bilhão de reais de outros acionistas, além da Qatar Airways e das famílias Cueto e Amaro, segundo Roberto Alvo, CEO do grupo LATAM

LATAM
Roberto Alvo, chileno, CEO do Grupo LATAM

RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA LATAM BRASIL

Uma semana após parte das irmãs entrarem com o processo de recuperação judicial, a filial brasileira anunciou oficialmente que se juntaria ao processo de recuperação judicial nos Estados Unidos.
Tal decisão foi anunciada em 09/07, portanto, seis semanas após as demais subsidiarias do Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos entrarem com o processo. O processo de recuperação judicial da filial verde e amarela da LATAM deve durar em torno de um ano. E sendo exitoso, a companhia brasileira deve sair até 40% mais enxuta e pronta para um plano de expansão nos anos seguintes.
De antemão, asseguro-lhes novamente: Não há motivo algum para pânico. Pelos menos por enquanto.

Aeronave Airbus A319 da frota da empresa.

VAMOS RAPIDINHO RECORDAR O QUE É MESMO UMA RECUPERAÇÃO JUDICIAL?

De uma maneira bem objetiva um processo de recuperação judicial tem por eixo principal a recuperação econômica de uma empresa.
O objetivo é que a empresa possa saldar suas dívidas ao mesmo tempo em que continue a produzir. Na recuperação judicial estima-se, a priori, pela manutenção dos empregos e da produção e produtividade da empresa, fatores que ajudarão na geração de lucros e pagamento aos credores.
Em outras palavras, no caso das companhias aéreas o objetivo de uma recuperação judicial em determinado momento de crise é poder, dentro de parâmetros estabelecidos em lei, ter mais flexibilidade de negociação com credores, bem como organizar-se fiscalmente e, ao mesmo tempo, seguir riscando os céus normalmente.

FALTA DE ACORDO E DEMISSÕES EM MASSA NA LATAM BRASIL

No âmbito do aperto dos cintos nas finanças da empresa, seguido a uma dura quebra de braços entre empresa e sindicatos, nenhum acordo terminou por ser firmado.
Os sindicatos não aceitaram as propostas de reestruturação financeira da empresa no que tange a redução de horas de trabalho e salários, que seria não somente durante os próximos 18 meses, mas sim permanente. Como resultado, A LATAM Brasil deverá demitir cerca de 2.700 colaboradores da sua força de trabalho, incluindo pilotos, em um processo previsto para começar na próxima semana.
“De hoje até o dia 4 de agosto, a empresa abrirá um processo de pedido de demissão voluntária (PDV) e, após essa data, serão iniciados os desligamentos de, no mínimo, 2,7 mil tripulantes”, diz o comunicado da LATAM.

LATAM X AZUL E GOL: DIFERENÇAS ENTRE OS CASOS

Uma curiosidade: aeronautas da Azul e da Gol  já fecharam acordos de preservação de empregos e as empresas se comprometeram a não haver planos de demissão até 31 de dezembro de 2021. Diferente da LATAM, Azul e Gol não mencionaram reduções saláriais permanentes.
Em contrapartida, Jefferson Cestari, diretor de recursos humanos da LATAM Brasil saiu em defesa da empresa e afirmou:
“A Latam é diferente das outras empresas aéreas. Temos uma operação internacional bastante robusta, coisa que Gol e Azul não têm. O mercado de voos internacionais foi mais afetado e vai levar mais tempo para se recuperar”
Com informações do jornal Valor Invest, Cestari acrescenta que a remuneração fixa dos tripulantes da Latam é 20% a 30% superior a dos profissionais da Gol e da Azul. Em seguida afirma que a remuneração variável na Latam é paga por quilômetro, diferente da Gol e Azul que usam o sistema de remuneração variável, ou seja, por hora de voo. Por estes fatores a folha de pagamento da Latam seria mais custosa que as das suas duas principais concorrentes nacionais. “Entendemos que a cobrança da remuneração deveria se igualar à dos concorrentes, mas a nossa proposta não foi aceita”, afirmou o diretor de RH da empresa.

O QUE ACONTECE COM OS PONTOS LATAM PASS?

LATAM PASS
Objetivamente falando: nada. Tudo segue normalmente, uma vez que LATAM e LATAM PASS seguem operando normalmente.
Em declaração no início do processo, Fabrício Angelin, diretor do programa LATAM PASS, deixou claro:
“Não há alteração alguma. Os pontos creditados nas contas dos clientes Latam Pass poderão ser utilizados como já são normalmente, com resgate de passagens aéreas ou no resgate de produtos dos parceiros de varejo. Os pontos acumulados daqui para frente também estarão disponíveis nas contas como já é feito hoje.”
E completou:
“O momento não é de extremo otimismo e nem de extremo pessimismo, pois, ainda não temos algumas respostas. O que eu quero passar para todos é que a Latam, sob uma visão estratégica, se antecipou a um momento que precisaria ser tomado mais para frente.”
Em síntese: até segunda ordem, tudo segue igual. Seus pontos continuam sendo creditados e válidos para emissão de prêmios.

VALE A PENA COMPRAR MILHAS COM DESCONTO OU APROVEITAR AS PROMOÇÕES?

Qual o seu objetivo? Lembre-se sempre deste nosso mantra. Compre ou transfira pontos SOMENTE DEPOIS de responder a esta pergunta.
Eu, particularmente, não hesitaria (e de fato não estou hesitando) em aproveitar as promoções e resgatar bilhetes premium, ao contrário, esta é uma forma inclusive de você se proteger caso tenha algum resgate específico em mente.
Seus resgates podem ser feitos em voos da própria LATAM, bem como das companhias parceiras.
Ah! E é sempre bom lembrar: embora já tenha despedido-se da Oneworld, a LATAM permanece com uma vasta gama de acordos com as companhias do grupo, tais quais Iberia, British Airways, Finnair e outros (inclusive a minha querida Lufthansa, que integra a Star Alliance). Está com saldo no programa e não sabe por que canal resgatar? Basta deixar sua dúvida na caixinha de comentários abaixo do post. Iremos de ajudar!

LATAM
Nova classe executiva da empresa presente nas aeronaves Boeing 777-300ER e em Boeings 767-300 selecionados.

Ah! E se não tiver viagens em mente, dá uma checada na nossa série de posts sobre o que fazer com seus pontos durante a pandemiaTorrá-los de outras formas que não em viagens também pode ser uma oportunidade em vista. É como sempre digo: se nos é oferecido um limão, deles fazemos limonada ou caipirinha!

CONSIDERAÇÕES – O QUE ACHO QUE VAI ACONTECER

Bem, novamente esta é uma opinião estritamente minha. Não reflete a opinião do Estevam, de nenhum outro colunista ou tampouco do Estevam Pelo Mundo como fonte de informação e pesquisa sobre viagens, companhias aéreas e demais assuntos da mesma natureza. Vamos deixar isso bem claro, hein!
Seguindo: assim como no post anterior, de 02 de junho, eu mantenho a mesma opinião pessoal: acredito sim na recuperação judicial da empresa. Entretanto, com malha aérea menos pulsante, enxugamento da frota e com uma governança focada desde já em, financeiramente, apertar os cintos.
O grupo LATAM, além de maior transportador aéreo da América Latina, é sólido financeiramente, tem dinheiro em caixa e vem recebendo injeções de capital de investidores como vocês puderam ver acima. O grupo é liderado, não obstante, ao meu ver, por uma equipe de governança de excelência. Embora haja algumas controversas quanto a isto, sobretudo por parte dos colaboradores da empresa…
Vale lembrar, igualmente, que não diferente das demais companhias do setor, a LATAM naturalmente sentiu o impacto da crise causada pela Covid-19. Com a exponencial baixa na demanda por viagens não havia melhor caminho a ser tomado que não a recuperação judicial com base no Chapter 11. O grupo, desde o início do processo, ganhou fôlego para operar mais tranquilamente nos próximos meses, preservando rotas essenciais e expandindo-as aos poucos, bem como com mais flexibilidade administrativa.
Igualmente, outro ponto que não podemos deixar passar em branco é que também, em outras épocas, várias empresas aéreas americanas enfrentaram processos de recuperação judicial baseados no mesmo Chapter 11. 
A própria American Airlines é uma delas. Seguiu, mesmo em recuperação, operando normalmente durante vários anos até o fim do processo.

FINALIZANDO…

Bem, acredito que a quantidade de informações deste post foi bastante grande. Fique tranquilo, amigo leitor e milheiro, surgindo novidades sobre o desenrolar deste assunto assunto trago aqui em primeira mão.
Novamente, assim como pontuado acima e também no post anterior, de 02 de junho, eu continuo a manter a mesma opinião pessoal: acredito sim na recuperação judicial da empresa. Entretanto, com malha aérea menos pulsante, enxugamento da frota e com uma governança focada desde já em, financeiramente, apertar os cintos
Lembre-se: tudo passa e seguinte a tempestade, vem a bonança!
Qualquer dúvida (imagino que várias irão surgir), opiniões e afins não hesitem em jogar seu comentário na caixinha logo abaixo do post!

QUEM SOU EU?

Ah! Como vocês devem ter notado sou novo na área. Estou aqui precisamente desde meados de abril. Se quer me conhecer melhor, saber quem eu sou e saber como eu vim parar aqui basta dar uma sacada no meu primeiro post, quando fui oficialmente lançado aqui no Estevam Pelo Mundo. Para isso basta clicar aqui. Igualmente, se gostou de mim ou se já quer ir conferindo algumas das minhas fotos de viagem e de algumas exaltações proporcionadas por milhas e pontos basta dar um follow lá no Instagram. Meu nome na rede é @lucasmcv 😉
Por fim, um grande abraço e até o próximo post!
 
Lucas Cabral
 
 
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Escrito por Lucas Estevam

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