Precisamos falar sobre o famigerado Azul Fidelidade - EPM
Precisamos falar sobre o famigerado Azul Fidelidade

Precisamos falar sobre o famigerado Azul Fidelidade

Em um mundo ideal, programas de fidelidade são projetados para recompensar a lealdade dos clientes, oferecendo-lhes benefícios exclusivos que não apenas reconhecem seu compromisso, mas também incentivam a continuidade dessa relação. No entanto, o que acontece quando as mudanças implementadas em um desses programas começam a questionar o próprio conceito de fidelidade? Este é o momento de discutir as recentes transformações no Azul Fidelidade, anteriormente conhecido como TudoAzul, que parecem desafiar a essência dessa parceria entre consumidor e empresa.

A erosão das promoções de transferências bonificadas

A nova realidade enfrentada pelos participantes do programa Azul Fidelidade é marcada por uma redução drástica na quantidade e na qualidade das promoções de transferências bonificadas, um dos pilares que outrora agregavam valor significativo à participação no programa.

Até junho de 2023, os membros ainda podiam se beneficiar de promoções esporádicas que ofereciam mais de 100% de bônus na transferência de pontos de parceiros financeiros, independente do nível de assinatura no clube. No entanto, desde essa data, observou-se uma queda acentuada no percentual de bonificação oferecido nessas promoções.

Atualmente, para acessar qualquer bonificação que se aproxime dos patamares anteriores, tornou-se um requisito ser assinante do clube 10.000 ou 20.000 por mais de 12 meses. Esta nova exigência não apenas eleva significativamente a barreira de entrada para obter benefícios que antes eram mais acessíveis, mas também reflete uma mudança estratégica que pode ser percebida como uma depreciação do valor oferecido aos membros leais do programa.

Tal movimento, está longe de incentivar a fidelidade, parece, na verdade, desfavorece a base de clientes mais fiéis e dedicada, que agora se vê forçada a cumprir requisitos onerosos para desfrutar de vantagens que antes eram mais facilmente obtidas.

O paradoxo da fidelidade

Recentemente, o programa de fidelidade da Azul passou por uma transformação significativa, mudando de TudoAzul para Azul Fidelidade. Este novo nome, carregado de promessas de “Fidelidade”, levanta uma questão crucial: a Azul realmente mantém a fidelidade com seus clientes? As mudanças recentes sugerem um cenário complexo, marcado por exigências elevadas e benefícios cada vez mais restritos.

Primeiramente, a exigência para acumular os pontos “puros” no cartão Azul Visa Infinite Itaú dobrou, passando de 50.000 para 100.000 pontos para ter direito a 2 vouchers de upgrade de cabine em voos internacionais operados pela Azul. Na prática, considerando a cotação do dólar a R$5,00, isso equivale a um gasto de aproximadamente R$167.000 no cartão de crédito ao longo de 12 meses, ou cerca de R$13.920 mensais, um valor proibitivo para a maioria dos consumidores.

Embora a Azul tenha aumentado para 4 o número de assentos disponíveis em alguns voos para o uso de vouchers de upgrade, na realidade, encontrar tais assentos disponíveis tem se tornado uma missão quase impossível. Isso coloca em xeque o real valor desses benefícios “ampliados”.

Além disso, o programa implementou mudanças significativas nos custos para upgrade com pontos para a Classe Executiva em voos internacionais, com aumentos de até 25% nos pontos necessários para membros de diferentes categorias do programa. Estas alterações não apenas desvalorizam as milhas acumuladas pelos clientes, mas também tornam ainda mais difícil o acesso a experiências de viagem mais confortáveis.

StatusQuanto eraQuanto seráAumento
Diamante100.000125.00025,00%
Safira125.000150.00020,00%
Topázio150.000175.00016,66%
Azul150.000175.00016,66%

E não para por aí, um dos aspectos mais controversos é a alteração nas condições de uso do companion pass. O que antes era um benefício claramente definido agora está cercado de restrições. A partir de 1º de abril de 2024 (não é mentira), a emissão da passagem cortesia será restrita a compras feitas exclusivamente via aplicativo Azul, com pagamento em dinheiro, eliminando a possibilidade de uso de pontos ou de emissão por outros meios.

Ora, pois veja a ironia envolvendo o companion pass: um benefício ostensivamente projetado para recompensar a fidelidade dos clientes mais dedicados do programa, exige que se acumule uma quantidade significativa de pontos para ser conquistado. Isso deveria simbolizar o comprometimento dos clientes fiéis com a companhia. Contudo, paradoxalmente, uma vez que a marca de lealdade é alcançada e os pontos são acumulados, eles não podem ser usados para resgatar o próprio benefício que foi desbloqueado por eles.

Essas mudanças geram uma série de questionamentos sobre a verdadeira “Fidelidade” do programa. A Azul parece que seguiu um roteiro “estratégico” que alienou seus clientes mais fiéis:

  • Facilitou a obtenção do cartão e do companion pass;
  • Promoveu intensamente o cartão;
  • Esperou até que um grande número de clientes acumulasse milhões de milhas;
  • Inflacionou os preços das passagens para dificultar a emissão com milhas;
  • Liberou emissões a preços vantajosos para no máximo 2 meses;
  • Influenciou a percepção pública por meio da mídia especializada, minimizando as críticas e destacando os pontos positivos de maneira seletiva.

Este cenário levanta dúvidas significativas sobre o compromisso da Azul com a verdadeira “Fidelidade” dos seus clientes. Em vez de recompensar a lealdade, as mudanças parecem projetadas para maximizar os lucros à custa da flexibilidade e do valor percebido pelos usuários do programa. A ironia da “Fidelidade” no novo Azul Fidelidade é palpável, desafiando os clientes a reconsiderar o que realmente significa ser “fiel” em um mundo onde as regras do jogo estão em constante mudanças.

O dilema da evolução

A Azul anunciou a introdução de uma nova categoria de serviço em seus voos internacionais, denominada Economy Prime. Esta mudança, que à primeira vista poderia parecer uma evolução, traz consigo uma realidade menos confortável e a extinção da Classe Executiva em algumas rotas.

A Economy Prime surge como uma categoria intermediária nos voos internacionais da Azul, posicionada entre a Classe Econômica e a Executiva. No entanto, a realidade é que esta nova classe será implementada em substituição à Executiva em dois A330-900neo, anteriormente pertencentes à AirAsiaX. A falta de recursos básicos como tela de entretenimento individual, wi-fi e assentos confortáveis marca uma regressão significativa em termos de experiência de voo.

A nova configuração, com 9 assentos por fileira na Economy Prime em comparação aos 8 assentos padrão nos A330neo da Azul, não apenas diminui o conforto geral, mas também reduz a privacidade e o espaço pessoal. Os assentos, mais estreitos e com menor capacidade de reclinação, são um retrocesso evidente na qualidade do serviço oferecido.

A decisão da Azul de introduzir a Economy Prime tem levantado entre os consumidores questões sobre o compromisso da companhia com a satisfação do cliente e a fidelidade do programa. Em um momento em que a lealdade do consumidor se mostra cada vez mais volátil, medidas que parecem reduzir a qualidade do serviço podem ter impactos duradouros na reputação da empresa e na confiança dos passageiros.

E novamente voltamos para a ironia do nome “Azul Fidelidade”, o qual se torna cada vez mais acentuada, à medida que as ações da empresa parecem divergir das expectativas dos passageiros mais fiéis.

O custo proibitivo de voar com parceiros

Uma mudança pouco anunciada, o programa de fidelidade anteriormente conhecido como “Interline TudoAzul”, agora rebatizado de “Azul pelo Mundo“, implementou aumentos drásticos e súbitos nos custos para emissões de passagens usando pontos com suas companhias aéreas parceiras.

Um dos exemplos mais chocantes desta nova política é o aumento de mais de 140% nos pontos necessários para resgates com a Air Canada, uma mudança que pegou muitos participantes do programa de surpresa.

Como exemplo, essa passagem na Classe Executiva de Lisboa para Toronto com a Air Canada, que antes da mudança, o valor era de 67.200 pontos + taxas:

resgate na Azul pelo mundo com a Air Canada antes das mudanças por 67.200 pontos

Agora a mesma passagem, custa 163.500 pontos + taxas. Um aumento de apenas 143,30%:

resgate na Azul pelo mundo com a Air Canada depois das mudanças por 163.500 pontos

Este reajuste, que foi aplicado sem qualquer aviso prévio aos participantes do programa, levanta questões profundas sobre a transparência e a integridade do “Azul pelo Mundo”. A limitada cobertura pela mídia especializada pode levantar questões sobre a transparência e a comunicação entre a companhia aérea e seus clientes mais leais. Será que fatores comerciais estão influenciando a visibilidade das informações?

Outros resgates também foram inflacionados no “Azul pelo Mundo”, como por exemplo:

DestinoCompanhiaCabineValor antigoValor NovoAumento
América CentralCopaEconômica50.00057.50015,00%
Estados UnidosUnitedEconômica54.00066.00022,23%
Canadá – ChileAir CanadaExecutiva84.000182.000116,67%
PortugalTAPExecutiva135.800148.0008,98%
Punta Cana – UruguaiCopaExecutiva37.00042.50014,86%

A decisão de inflar os custos de emissão com parceiros não apenas desvaloriza significativamente as milhas acumuladas pelos membros do programa, mas também compromete a acessibilidade a viagens com pontos, que muitos consideravam como uma das maiores vantagens de fidelização. Este movimento da Azul, transformando benefícios antes tangíveis em quase inatingíveis em alguns resgates, contradiz diretamente o espírito de “Fidelidade” que o programa promete cultivar.

Os participantes do programa, muitos dos quais planejavam usar seus pontos para viagens futuras, agora se veem forçados a reavaliar seus planos e a perceber que a promessa de um mundo azul, cheio de possibilidades de viagem, talvez seja mais limitada do que imaginavam. A medida, além de gerar frustração, alimenta um debate necessário sobre as práticas de comunicação das empresas aéreas com seus consumidores e o verdadeiro significado dos programas de fidelidade na era atual.

Repensando a Fidelidade no Céu Azul

As recentes transformações no Azul Fidelidade, marcadas por restrições crescentes e benefícios diluídos, não apenas questionam o valor dos programas de fidelidade na aviação moderna, mas também desafiam a própria essência da relação entre companhias aéreas e seus clientes mais leais.

A erosão das promoções de transferência, as mudanças controversas na estrutura de benefícios, a introdução da Economy Prime em detrimento da Classe Executiva, e os aumentos nos resgates para emissões com parceiros ilustram uma tendência perturbadora: a de que a “Fidelidade”, tal como prometida no nome do programa, está se tornando unilateral.

O compromisso da Azul com seus clientes deve ser mais do que uma promessa vazia adornada por estratégias de marketing. Deve refletir uma verdadeira reciprocidade, onde a fidelidade não é apenas exigida, mas recompensada com transparência, respeito e valor real. As mudanças, implementadas sem comunicação adequada ou consideração pelo impacto nos passageiros, minam a confiança e podem ter repercussões duradouras na percepção da marca.

E você o que achou dessa nova era da Azul “Fidelidade”?

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Escrito por Lucas Estevam

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