UNITED E O RETORNO DA ERA SUPERSÔNICA
No decorrer da última semana, a United firmou encomenda de jatos supersônicos capazes de voar do Brasil a Nova York em apenas 5 horas, trazendo a esperança de uma possível volta da era supersônica.
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Como todos nós gostamos muito de avião, esta não é a primeira vez que o assunto aviação vem à tona. Logo, confira abaixo nossos posts passados sobre este belo universo. Naturalmente, estou falando da aviação. Posts leves e ideais para um domingo 😉
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HISTÓRIA DA ERA SUPERSÔNICA NOS VOOS COMERCIAIS
Quando pensamos em voos comerciais supersônicos, imediatamente pensamos em Concorde. Não há o que discutir. A aeronave foi a representação mais fiel de uma época onde tudo poderia vir a ser capaz de ser atingida e superada pelo homem. Pois bem, se era possível caminhar na lua, por que não seria igualmente possível voar duas vezes mais rápido que a velocidade do som e cruzar o Oceano Atlântico em menos de três horas?
O COMEÇO E O DESENVOLVIMENTO
Quatro países iniciaram a corrida pelos supersônicos e seus respectivos projetos: Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra e França. No ano de 1962, Inglaterra e França assinaram um tratado para desenvolver a nova aeronave em parceria, dividindo assim os elevadíssimos custos de desenvolvimento.
Integravam o projeto as britânicas British Aircraft Company (BAC) e Rolls Royce, bem como a francesa Aérospatiale e a Société Nationale d’Étude et de Construction de Moteurs d’Aviation (SNECMA), sendo as primeiras responsáveis pelo desenvolvimento da aeronave, e as segunda pelo desenvolvimento dos motores.
O nome do novo modelo aeronáutico também simbolizava a união franco-inglesa: Concorde em francês tem o mesmo significado que a palavra equivalente na língua inglesa Concord: ambas significam acordo, união, harmonia.
Os desafios eram grandes: os motores do Concorde teriam que ter o dobro da potência dos motores a jato à época. Já a fuselagem teria que aguentar a enorme pressão vinda das ondas de choque que surgem ao ultrapassar a barreira do som.
Em 2 de março de 1969, quatro meses antes do homem pisar na lua, o Concorde fez seu primeiro voo teste. O mundo viu pela primeira vez aquele avião com formato estranho, com as asas em formato delta, quatro motores a jato e nariz articulado, que baixava nos pousos e decolagens dando um melhor campo de visão aos pilotos, e mantinha-se alinhado à fuselagem durante o voo para melhor aerodinâmica.
Sua velocidade de cruzeiro era de Mach 2.02 (2.494 km/h), mais rápido do que a rotação da Terra (1.666 km/h). Tudo isso a 60 mil pés (18.300 m) onde o Concorde voava sem turbulência alguma, mas ao custo de 25 mil litros de querosene queimados por hora.
Foram necessários mais quatro anos de desenvolvimento até a sua apresentação oficial na Feira Aeronáutica de Paris de 1973.
O REINADO
O custo de desenvolvimento do PROJETO foi tão elevado que seria impossível recuperá-lo apenas com as vendas, mas como haviam questões políticas envolvidas, o projeto foi adiante.
O Concorde não teve um, mas dois voos inaugurais ao mesmo tempo. No dia 21 de janeiro de 1976 decolaram ao mesmo horário, sincronizados por rádio, um voo da British Airways de Londres para o Bahrein e outro da Air France de Paris para o Rio de Janeiro, com escala de abastecimento em Dakar, no Senegal.
Mesmo com a parada para reabastecimento, a viagem entre Paris e Rio de Janeiro durava apenas 6 horas, o que representava metade do tempo que levavam os outros aviões comerciais que faziam a rota de forma direta.
Devido ao alto custo de operação, restou às companhias um único destino possível: Nova York. Destino de banqueiros, estrelas de cinema e televisão, políticos importantes, autoridades e altos executivos de empresas, que estavam dispostos a pagar o preço para chegar algumas horas antes.
E prestem atenção: chegar antes literalmente, uma vez que se voltava no tempo. O voo de Londres para Nova York tinha uma duração de 3h30. Como entre as duas cidades existe um fuso horário de 5 horas, o passageiro chegava mais cedo (no horário local) do que o horário que havia partido.
Para justificar o alto preço do bilhete, além da velocidade os passageiros tinham um serviço de primeira classe, com os melhores champagnes, caviar e refeições assinadas pelos melhores chefs de cozinha da época, como Alain Ducasse.
Voar no Concorde era como pertencer a um clube bastante seleto, já que os passageiros variavam pouco e já eram conhecidos pela tripulação.
O FIM
Em 25 de julho de 2000, um dos Concordes da Air France teve um acidente fatal, caindo em um hotel pouco depois de decolar do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, matando 109 pessoas a bordo e mais 4 em solo.
Apesar da versão oficial apontar como culpada uma peça que caiu de um DC-10 da Continental, que decolou poucos minutos antes para o mesmo destino, diversas investigações independentes apontam que a causa mais provável foi uma sequência de erros que veio desde a manutenção até as decisões tomadas pela cabine de comando. Este é um assunto pra lá de polêmico, uma vez que envolve uma série de questões econômicas. O Concorde, aquela altura, já vinha se tornando uma aeronave impraticável para voos devido aos elevados custos. As empresas já tinham planos de aposentá-lo. Logo, descartando a possibilidade de culpa da peça do DC-10 da Continental, as empresas abreviariam o fim da aeronave, livrando-se dos prejuízos por ela causada.
A aeronave teve seus voos suspensos e após algumas melhorias voltou aos céus.
Mesmo com os atentados, o Concorde retornou à atividade no dia 7 de novembro de 2001, com dois voos para Nova York. Um da British Airways saindo de Londres e um da Air France saindo de Paris.
A situação, que já não era boa, piorou quando em 2003 a Airbus, então responsável pela manutenção do Concorde, informou que seriam necessários £40 milhões em manutenção para que o avião pudesse seguir em atividade.
Assim, em 10 de abril de 2003, saiu o anúncio oficial que as duas companhias não iriam mais voar com o Concorde depois de outubro daquele ano. A Air France inclusive acabou antecipando a data, sendo que seu último voo ocorreu em 31 de maio de 2003. Já a British, que aproveitou o aumento da procura pelos últimos voos do Concorde, e manteve o avião voando lotado até o dia 24 de outubro de 2003.
ENCOMENDA DA UNITED
Pois bem, passados quase 20 anos do fim da era supersônica, fomos surpreendidos com a notícia de que United anunciou nesta quinta-feira, dia 03/06, a compra de aviões que prometem reduzir praticamente pela metade o tempo das viagens. Os novos modelos “Overture” são supersônicos. O plano da United é começar a transportar passageiros nos novos modelos até 2029.
A compra anunciada é de 15 aviões do modelo “Overture”, projeto da startup norte-americana Boom Supersonic. A compra, afirma o comunicado à imprensa, vai seguir adiante desde que o novo avião atenda aos requisitos de segurança, operação e sustentabilidade. Há, ainda, possibilidade de compra adicional de 35 unidades do mesmo modelo.
Esse avião supersônico ainda está apenas nas pranchetas e computadores da Boom, e a ideia é lançar o modelo em 2025, realizar o primeiro voo em 2026 e transportar passageiros até 2029. Portanto, o modelo ainda está longe de existir de fato. Vale lembrar que o projeto promete que a aeronave terá emissão zero de carbono com o uso de um combustível de aviação sustentável.
A britânica Virgin e a japonesa JAL também têm pré-encomendas desse avião, mas o negócio ainda não foi confirmado pelas companhias.
ESPECIFICAÇÕES DA AERONAVE
O projeto do Overture tem 62 metros de comprimento e capacidade de 65 a 88 passageiros exclusivamente na classe executiva. A empresa promete para a United janelas amplas e configuração sem assentos do meio. Com essas características, o novo avião supersônico deve ser direcionado especialmente aos passageiros de negócios.
A United continua sua trajetória para construir uma companhia aérea mais inovadora e sustentável. Os avanços atuais em tecnologia estão tornando mais viável a inclusão de aviões supersônicos”, destacou Scott Kirby, CEO da United.
CONSIDERAÇÕES (E OPINIÃO PESSOAL)
Bem, recebo a notícia por parte da United com muito entusiasmo, porém, ao mesmo tempo, com bastante ceticismo.
Muita água vai rolar. Muita mesmo. Questões de engenharia, bem como, e principalmente, questões econômicas. E em grande escala. A elaboração de um projeto desta magnitude que, diferente do Concorde não há interesses políticos por trás, o deixa a mercê do cenário macroeconômico global.
Somente o tempo dirá se o projeto efetivamente sairá do papel e caso saia, se será duradouro. Eu, particularmente espero que sim. E conto nos dedos a hora de poder embarcar em um voo supersônico.
FINALIZANDO
Espero que você tenham gostado da novidade da United!
Se ficou alguma dúvida joga sua pergunta lá. Teremos o maior prazer em respondê-lo. E nada de acanhamento, hein? Lembrando que seu feedback é sempre muito importante pra nós!
Pois bem, e agora, para não perder o hábito dos posts autorais, vamos deixar uma coisa bem clara: estas são opiniões estritamente minhas. Não reflete a opinião do Estevam, de nenhum outro colunista do portal EPM ou tampouco do Estevam Pelo Mundo como fonte de informação e pesquisa sobre viagens, companhias aéreas, hotéis e demais assuntos da mesma natureza. Vamos deixar isso bem claro.
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QUEM SOU EU?
Lucas Cabral, editor-chefe aqui do EPM, bem como chefe de edição para programas de fidelidade, cartões de crédito, pontos, milhas aéreas e afins. Se quer me conhecer melhor, saber quem eu sou e saber como eu vim parar aqui basta dar uma sacada no meu primeiro post, quando fui oficialmente lançado aqui no Estevam Pelo Mundo. Para isso basta clicar aqui. Igualmente, se gostou de mim ou quer ir conferindo algumas das minhas fotos de viagem e de algumas exaltações proporcionadas por milhas e pontos basta dar um follow lá no Instagram. Meu nome na rede é @lucasmcv 😉
Por fim, um grande abraço e até a volta!
LUCAS CABRAL
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